quinta-feira, 3 de abril de 2008

Corre. Foge. Sobrevive. Mas não deixes de gravar!

[REC]

Realização: Jaume Balagueró / Paco Plaza
Género: Terror
Intérpretes: Manuela Velasco, Ferran Terraza, Pep Sais
Estreia em Portugal: 8 de Abril
País de Origem: Espanha



Análise: Sim, mais um filme de terror. Desta vez não é baseada numa história de Stephan King, não tem caras conhecidas, nem orçamento das grandes produções hollywoodescas. Só por aí já teria desculpas para falhar, desiludir, e juntar-se às inúmeras repetições do mesmo tipo de coisa que infelizmente aparenta viver neste género.
No entanto não o faz.
Depois dos recentes e bastante aceitáveis 28 dias depois/28 semanas depois e Renascer dos Mortos, pensei sinceramente que este tipo de argumento já não teria muito por onde progredir (ver exemplo de Eu Sou a Lenda), e estaria condenado a viver de clones de historias semelhantes e de infindáveis remakes. Enganei-me. Rec mostra-se agradavelmente fresco, surpreendentemente aterrador e suficientemente cativante para fazer agarrar o espectador completamente à historia. Como é que isso foi conseguido? O filme foi rodado de uma maneira de documentario-que-se-torna-em-situação-de-pânico-em-directo à lá Projecto de Blair Witch, onde tudo nos é mostrado através da perspectiva de Pablo o operador de câmara. A história é simples; dois repórteres de TV decidem gravar uma reportagem acompanhando uma patrulha de bombeiros em serviço durante a noite. O filme começa bem devagar com entrevistas a vários bombeiros e com a nossa (bela) jornalista a desejar que algo de emocionante aconteça... e quando finalmente acontece, o filme torna-se numa espiral cada vez mais intensa de peripécias surpreendentes, gente em pânico e caos absoluto, que nos faz dar uns valentes pulos da cadeira.

E o que este filme tem de especial em relação os outros? Empatia. É uma palavra-chave necessária em qualquer boa historia. Pode ser conseguida das mais variadas maneiras, mas em Rec foi conseguida de uma forma diferente; Pablo o operador de câmara, durante grande parte do filme mantém-se surpreendentemente mudo apesar de todas as peripécias que vão acontecendo à sua volta. No entanto isso acaba por se tornar bastante eficaz, porque nos faz mergulhar ainda mais no pânico abundante, uma vez que acabamos por ver o filme na 1ª pessoa. Paco torna-se ele mesmo na nossa pessoa dentro do filme, o que cria uma imersão muito forte, e daí a empatia.

Excelentes interpretações por parte de todos os actores envolvidos, tão boas que olhando para eles facilmente os confundiríamos com os nossos próprios vizinhos, o que dá mais um toque de realismo. Até mesmo Pablo, que nunca chegamos a ver, mas que na parte final deixa de ser mudo e contribui bastante para a espiral cada vez mais intensa de pânico.

Espaço ainda para uma crítica social à xenofobia para com imigrantes (no caso asiáticos, provavelmente chineses) que bem subtilmente deixou a sua marca. E por fim... uma referência a Portugal... ah Portugal! Esse país à beira-mar plantado, considerado por alguns o cancro da Península Ibérica, e por outros a origem de meninas malvadas possuídas pelo mafarrico!

Em resumo, Rec é uma lufada de ar fresco num género cada vez mais a cair na monótona repetição de mais do mesmo e onde a originalidade escasseia a cada novo filme feito. Excelente filme de terror com muita acção, muito pânico, muita gente histérica, que nos faz apanhar valentes sustos.
Tiro o meu chapéu aos espanhóis.

Classificação: 8/10

Uma nota final, e para quem ainda tinha dúvidas no completo deserto de ideias que é hollywood nos dias de hoje, está já em produção o remake americano deste filme, de titulo Quarentine, a ser lançado ainda este ano. Que original não é?

2 Comments:

Sea Spirit said...

Não é do Stephan King??????

Bahhh!! Assim já não se pode fazer criticas duras ao filme??????

;)

Anónimo said...

Por que nao:)

 

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Mais, tenho uma vizinha que sabe voodoo (ou era yoga ? ... não interessa, qualquer uma delas é terrivelmente mortifera), por isso tenham medo.

Depois não digam que não vos avisei.

Buuu