Realização: Christopher Nolan
Género: Acção
Intérpretes: Christian Bale, Michael Cane, Heath Ledger, Maggie Gyllenhaal, Gary Oldman, Morgan Freeman, Aaron Eckhart
Estreia em Portugal: 24 de Julho de 2008
Normalmente não faço questão de fazer analises a filmes que estão na berra, porque evidentemente toda a gente os vê, e não preciso de os publicitar. No entanto decidi abrir esta excepção.
Vou desde já, pôr os pontos nos iis; DETESTO filmes de super-heróis. São demasiado virados para um público mais jovem, ocos, apoiam-se em demasia no espalhafato e nos milhões de seguidores do formato BD. Para além disso, acho ridiculas as máscaras, as capas e os fatos de borracha justos ao corpo, mas isso talvez já seja implicação minha, não sei.
Depois de ver tanto hype à volta deste filme, que já o levou ao 1º lugar no iMDB, decidi vê-lo e saber afinal qual era o motivo para tanto alarido.
Os primeiros sinais de que estamos a ver um filme realmente bom, são quando nos prende toda a atenção e nos põe um sorriso nos lábios logo desde o seu inicio. Neste caso pode ser um sorriso negro, mas não obstante, uma reacção genuína de que nos está a dar gozo ver o filme.
Christopher Nolan, já tinha demonstrado talento em excelentes filmes como Memento, Insomnia (Insónia) ou The Prestige (O Terceiro Passo), mas mostra neste Dark Knight uma capacidade enorme de pegar em algo fantasioso e construir uma historia adulta, credível, sólida e séria, que mais parece um policial de acção do que um filme de super-herois.
E como o conseguiu? Baseou o filme num excelente argumento escrito pelo próprio e pelo irmão Jonathan Nolan, e desviou o mais possível do heroi principal.
Em vez de um filme em que todas as personagens secundárias girassem à volta do titular (neste caso Batman), Nolan e companhia foram suficientemente cuidadosos a ponto de se certificarem que todos os (excelentes) actores envolvidos no filme tivessem o seu momento alto. Com isto, Batman não está tanto no centro da acção o quanto seja possivel, e partilha tanto tempo de antena como o Tenente Gordon (Gary Oldman, que muito me agrada voltar a vê-lo em forma porque sou fã dele), como com Harvey Dent (Aaron Eckhart). É algo que prejudica o filme? Nem por sombras. E felizmente todos eles corresponderam, sobretudo Aaron Eckhart que me surpreendeu pela positiva, já que ainda não o tinha visto fazer qualquer interpretação digna de registo, mas esteve excelente até porque o papel que interpretava não era fácil, sobretudo lá mais para o final.
"Madness is like gravity, all it takes is a little push."
Joker
Guardei o melhor para o fim, porque ha muito tempo que não tinha tanto gozo ver um vilão deste calibre. Quem me conhece, ou tem seguido as minhas analises, sabe que aprecio um bom vilão. Para mim um bom mau da fita representa no minimo 60% da qualidade de um filme. E quando aparece um completamente excepcional, é capaz de levar o filme às costas, qualquer que seja o argumento.
Aqui não acontece o mesmo. Já sem Joker, o filme seria bastante solido, mas com ele transforma-se em algo diferente, e eleva a qualidade do filme a diversos niveis superiores. No centro de toda essa qualidade está o Joker de Heath Ledger, uma personagem em que tudo nele é completamente errado, da pior maneira possivel, mas por baixo de tudo isso está uma interpretação notável, digna de óscar, em convergência com um argumento bem escrito.
Este Joker de Heath Ledger é completamente diferente do Joker que Jack Nicholson interpretou em 1989. É perigoso, imprevisivel, psicopata, assustador e sobretudo carismático, uma qualidade que bastante aprecio num vilão. E ele transborda carisma em todas as cenas em que está presente. Auto entitula-se como agente do caos, e assenta-lhe como uma luva.Sente-se quando um actor está à vontade e se diverte com o papel que interpreta. No caso de Heath Ledger, não só se diverte como se sente que nasceu para este papel, e dá gosto ver interpretações destas. Não me divertia tanto com um vilão desde talvez o Agent Smith no primeiro Matrix.
Lado negativo:
Não tenho muito a apontar, porque o filme no seu todo está excelentemente construído. Se tivesse que lhe apontar alguma coisa, talvez seja a musica-tema do Joker que por vezes é irritante por mais parecer uma sirene dos bombeiros. Também me pareceu que a interpretação de Christian Bale já viu melhores dias, e talvez duas horas e meia tenha sido um pouquinho a mais para o filme, mas com um intervalo pelo meio quase não se nota.
Conclusão:
Dark Knight não é um filme perfeito. Mas também é raro o filme que se aproxima de o ser. No entanto, visto como um todo, tem imensa qualidade, e muito para ver. O meu conselho? Vejam o filme. Asseguro-vos que vão passar um bom bocado. Não esperem um filme de super-herois, mas sim um policial adulto, que apenas por coincidência envolve um tipo vestido de morcego.
Classificação: 9/10
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